segunda-feira, 28 de maio de 2007

PÁGINAS ESQUECIDAS:A CRÔNICA DE ROBÉRIO MARACAJÁ

Entre os maiores nomes da crônica campinense, está escrito em grandes letras o de Robério Maracajá (1929-2000) — jornalista, crítico literário, ensaísta, poeta, folclorista, contista, romancista, e professor; mas, sobretudo, um cronista responsável por retratar um misto daquilo que nos inquieta enquanto seres humanos e aquela parte da realidade que nos é por vezes imperceptível, as coisas miúdas da vida.

Nascido no Cariri paraibano, onde passou a infância, e cujos pássaros e paisagens se tornaram seus temas mais recorrentes, Robério iniciou cedo sua jornada no mundo das letras, tendo ganho aos 19 anos um prêmio nacional pelo conto “A volta do desespero”.

Em quase 30 anos de profissão como jornalista — que na sua definição deveria ser “o tradutor de sua época” e “a voz que respeita, mas não cala”, a existir “até que viva a coragem de ser livre e a liberdade de ter coragem” —, Robério deixou um legado de reportagens, palestras, conferências, um romance não publicado, e um valioso estudo sobre o historiador Cristiano Crispim, a quem sucedeu na Academia Campinense de Letras, dentre outras produções.

Mas, sem dúvida, a maior riqueza de seu espólio são as milhares de crônicas que escreveu. Sua rotina, por um bom tempo, foi, todas as madrugadas, escrever o texto que iria ao jornal no dia seguinte. Em 7 de junho de 2000, curiosamente, publicou uma crônica intitulada “A primeira entrada no céu”, e no dia seguinte, aos 70 anos, faleceu de infarto fulminante enquanto falava ao telefone.

Apesar de se afadigar constantemente no exercício com a palavra, sua frase não se apresenta aos leitores rotineira ou repetitiva, mas é como se tivesse absorvido o frescor e a novidade das madrugadas nas quais Robério datilografava em sua máquina “desconjuntada pelo uso”. Sua crônica era tecida numa linguagem extremamente poética, sentimental, intimista, e ensimesmada — como ele mesmo o era; pouco afeita às polêmicas políticas, mas sem esquivas.
Hoje — aguardando uma edição em livro que lhe faça jus e ressuscite o interesse dos leitores —, boa parte da produção de Robério pode ser encontrada nos arquivos do Jornal da Paraíba, ou no acervo pessoal de sua esposa, a profª. Eneida Agra Maracajá.

É difícil escolher uma crônica para incluir como exemplo de sua escrita, tão múltiplos são os temas que abordou em seu extenso cronicário e tão igual a qualidade de suas produções. O texto que segue foi publicado na edição de 7 de abril de 1993 do Jornal da Paraíba:

Eu e a aranha
Quase três horas da manhã, sento-me para escrever esta crônica e uma aranha miúda, pernas finas, interrompe a teia, no canto da parede e me olha furiosa. Deixa de ser besta, aranha. Eu sei que não posso fazer uma teia igual a tua, mas tenho um bocado de teias na vida e no coração. São mais douradas que a tua. Quatro filhos, nove netos, uma esposa e tu aí tão sozinha. Pegando moscas enquanto eu agarro sonhos.
Eu tenho mais de trinta cachimbos e tu nem sabes fumar. Podes dirigir os dois carros que tenho na garagem? Já lestes os oito mil livros que tenho nas estantes? Não me olhes, assim, furiosa, que não tens um emprego, quatro pares de sapatos, camisas, e cuecas. Nem podes tocar as músicas de Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Sílvio Caldas, Carlos Galhardo, Julio Iglesias, Chopin, Rimsky-Korsakov, Rachmaninov, Bach, Handel, Telemann, Vivaldi. Tente assobiar uma música de Luís Gonzaga ou o Hino Nacional. Compra fiado, faz um calo seco nos muitos dos teus pés. Vai votar...
Cadê as tuas férias? E onde estão os teus filhos? Deixa de ser besta, que o homem é um cavalo de pau, com carroça e tudo. Tem dor de cabeça, úlcera, colite, declaração de imposto de renda, telefone, água da Cagepa que não chega nunca, fundo de garantia por tempo de serviço que roubaram todo. És somente uma aranha. Tua casa é uma teia e eu moro debaixo de telhas. Pago aluguel. Saio pelas ruas, arriscado a ser atropelado. Já tive infarto do miocárdio, gripe, sinusite, catapora, sarampo, tifo, dor de barriga, amidalite, dor de ouvido, caganeira.
Como é que podes, então, ficar nesse canto, toda soberana, se passas a vida, inviolável? Na tua vida não passou um Collor de Mello, uma Revolução de 64, um AI-5, uma seca, um José Américo de Almeida. Como é que podes me olhar com ira, se nem sabes ler? Tu tens o dom de fiar, eu de comprar fiado. Já não é uma coisa feita?
Vai dormir, aranha, que eu vou amanhecer o dia, ver o sol, a barra quebrando, as nuvens cor-de-rosa, o vento fresco tocando as folhas das palmeiras. Vou cheirar o perfume dos bugaris e dos jasmins. Vou ouvir o primeiro canto dos pássaros, a aleluia da manhã que me desce como uma ternura. O meu relógio marca o meu tempo. E o teu tempo não tem marca a não ser os fios de tua teia.
Não vou te perguntar se és feliz. A felicidade é uma asa e tu não voas. Muitos são os meus caminhos e tu não sais deste canto de parede. Pensando bem, agora que meus olhos adormecem, vamos trocar de lugar? Eu faço a tua teia, tu fazer a minha vida. Se sair errado, a culpa é do destino, que te fez aranha e me enfeitou de homem. É uma questão de cor, ou um caminho de dor. Amém.
Reportagem: Márcio Sobrinho
Givanildo Santos
Lenildo Ferreira

BANDA DE ROCK CAMPINENSE LANÇA SEU PRIMEIRO DISCO

A pressa do homem contemporâneo, que está sempre vendo sua vida passar diante dos olhos e nada faz para vivê-la, é o tema principal do álbum de estréia da banda de rock campinense Vernissage, Idéias Esquecidas. O álbum traz doze músicas com um estilo bem próprio, e foi produzido com a verba do FUMUC, um fundo de incentivo a cultura da prefeitura de Campina Grande.

A Vernissage é formada por cinco estudantes universitários e tem pouco mais de um ano, apesar de sua história ter começado a ser escrita há quatro anos atrás na universidade de Comunicação Social da UEPB. Foi lá que se conheceram Magno Magal (guitarrista e compositor) e Tiago de Oliveira (baterista), e juntos com outro amigo do curso decidiram criar a banda cover Magal e os Estranhos com o intuito de animar as calouradas da cidade com músicas de rock. Magal e os Estranhos acabaram dois anos depois, porém Magal e Tiago permaneceram juntos para investir em um outro projeto mais sério e com músicas próprias.

Após um hiato de mais de um ano parado a dupla decidiu colocar o projeto em andamento e convidaram o baixista Roosevelt, estudante de Farmácia, o guitarrista Filipe Negreiros, estudante de Letras e a vocalista Walmênia Salviano, também do curso de Comunicação Social.
O repertório do álbum Idéias Esquecidas é composto por músicas escritas por Magal desde o tempo de sua antiga banda, que ganharam bem mais qualidade com a chegada dos novos integrantes. O som pode ser classificado como rock alternativo, com influências que viajam pelo pop rock até o punk. “Nunca nos preocupamos em nos prender a algum rótulo ou estilo, apenas fazemos um som sincero e que nos agrada”, disse Tiago.

E é justamente essa sinceridade musical o diferencial do “Idéias Esquecidas”. Melodias simples, porém totalmente casadas com letras carregadas de sentimentos sobre situações nada convencionais e entrecortadas com riffs inspiradores da guitarra de Felipe, faz do disco no mínimo uma obra singular entre tantos lançados nos últimos anos pelas bandas de rock brasileiras, que desde o fim dos anos 80 parecem ter perdido o rumo. E foi justamente por isso que Felipe batizou o álbum com o nome “Idéias Esquecidas”. “Quando Magal me apresentou as músicas, no dia que ele me fez o convite para entrar na banda, eu senti que aquele tipo de som proposto eu não ouvia ninguém fazer há muito tempo, e batizei o projeto de Idéias Esquecidas”, comenta Felipe.

A Vernissage vem provando mais uma vez que Campina Grande é um celeiro cultural, com artistas talentosos em praticamente todas as áreas, só esperando uma oportunidade para mostrarem seu valor.

Eles tiveram essa oportunidade e arrebentaram.



ENQUANTO EU CALÇO OS MEUS SAPATOS


O mundo inteiro em mutação
E eu quase nunca presto atenção
Uma vez no dia ao fim do mês
Enfrento a televisão
Enquanto eu calço os meus sapatos...

Ontem whisky, hoje café
Depois me afogo embaixo do lençol
E vou lembrando dos segredos
Que eu sempre revelei ao pôr-do-sol
Quando eu seguia os seus passos...
(Curtos, curtos, curtos...
E eu ainda me perdia)

Quando eu me sinto só
Eu me sinto bem

Saio de casa de manhã
Só o meu cão vai me esperar voltar
É um belo dia, é um fim de mês
E os meus fantasmas insistem em me olhar
Enquanto eu gasto os meus sapatos...
(Velhos, velhos, velhos...
Mas sempre duram mais um dia)

Quando eu me sinto só
Eu me sinto bem

Reportagem Carlos Magno
Érica Castro
Alípio Hortins

sexta-feira, 25 de maio de 2007

REFORMA DO TEATRO MUNICIPAL DE CAMPINA GRANDE É VETADA


A última reforma que o Teatro Municipal sofreu foi em 1988. Segundo a atualdiretora, Alana Fernandes o teatro precisa de reparos “Tivemos em 2005 o projeto dereforma que foi aprovado pelo Ministério da Cultura, só que, na última etapa foi detectadouma inadimplência da prefeitura para com o SEFIN (Secretária de Finanças) degovernos anteriores”.

Foi determinado um prazo até o dia 12 de janeiro de 2006 para ser quitada adívida existente de governos anteriores, só que o prefeito Veneziano Vital Do Rêgo só conseguiu quitar quatro dias depois do vencimento do prazo. Como a prefeituranão tem como arcar a reforma sozinha terá que encaminhar um novo projeto para sernovamente analisado e aprovado.
As dificuldades financeiras enfrentadas pelo Teatro Municipal são as mesmasdesde que foi fundado. As despesas com manutenção de equipamentos, limpeza e pessoal sãoaltas em virtude do espaço. O Teatro Municipal é ligado a prefeitura e subordinado a Secretária de Educação, Esportes e Cultura, mas “a prefeitura não tem condições plenas de fazerfuncionar essa casa como é o sonho de nós artistas”, conta Alana Fernandes.
Dentro de suas limitações orçamentarias, a Secretária de Cultura, tem feitopequenos reparos, como o concertos das poltronas que estavam quase totalmentedanificadas. É preciso, no entanto, equipamentos novos, como o sistema de iluminação queencontra-se precário, uma nova mesa de som, poltronas mais resistentes e mais confortáveis,além de ar condicionado.Diferente do que acontece no sudeste do país, onde os teatros municipais recebemapoio de grandes empresas, o Teatro Municipal de Campina Grande não tem parceiros esegundo Alana Fernandes “É muito difícil conseguir apoio cultural. Isso significa que oteatro depende unicamente da verba repassada pela prefeitura municipal de CampinaGrande”.
Reportagem Adeneide Santos
Aline Durães
Cláudia Cibele

UM BREVE HISTÓRICO DA FOTOGRAFIA

A fotografia, segundo os gregos, é a arte de fotografar com a luz, e para os brasileiros pode ser considerada a arte que se escreve com luz e paixão. A palavra fotografia deriva de duas palavras gregas, fós que significa luz e grafis que significa grafia, nessa junção, a palavra fotografia, determina desenhar com a luz ou escrever com a luz.

Fotografar, é captar de forma única uma imagem que será guardada por anos fazendo relembrar um fato importante ou mesmo algo acontecido e que merece destaque.

Na arte fotográfica, nenhum fotográfo é igual, mesmo que tenha os mesmo equipamentos e a mesma técnica, ninguém pode captar a mesma imagem, pois ninguém enxerga igual.

Devido a essa forma mais que individual de se percebe o mundo, em poucos séculos após seus surgimento a fotografia ou a arte de desenhar com a luz foi se difundido pelo mundo.

A primeira foto que se têm notícia foi no ano de 1825, quando o francês Joseph Nicéphore Niépce,que utilizou placa de estanho coberta com um derivado de petróleo chamado Betume da Judéia. Foi produzida com uma câmera, sendo exigidas cerca de oito horas de exposição à luz solar.

A arte de fotografar, pode ser utlizada de diversas formas, porém as mais utilizadas são para registrar momentos do cotiano., virou parte do dia a dioa das pessoas,que desejam registrar momentos importantes.

A fotografia, expressa além de um momento que se guarda em um película, uma reflexão da brevidade da vida, onde os momentos surgem e desapercem de forma quase que instântanea. Tal a importância da arte de “desenhar com a luz”.

No Brasil, a história da fotografia no Brasil, ainda é uma história a ser contada. Porém já existem trabalhos considerados clássicos sobre a questão.

No início a divulgação da fotografia no Brasil, ficou restrita a poucos profissionais, a maioria dos quais estrangeiros que, aqui chegando, nela encontraram um novo e promissor meio de vida, os famosos retratos de família, e por razões óbvias, procuravam guardar para si os "segredos" da nova arte.

O retrato encontrado nos álbuns de família e mais tarde nas colunas sociais pode ser considerado um divisor de águas, é nele, mais do que qualquer outro tipo de registro, que se insere a história da fotografia. É através dele, também, que se pode estabelecer um pouco o itinerário dos fotógrafos pelas terras do Brasil, e da Paraíba, nos primeiros anos da fotografia no país. É, ainda, através do retrato, que se podem elucidar as inter-relações entre fotografia, fotógrafos e elites locais. Além do que, através da conservação em mãos de familiares, os álbuns de família não só trazem as marcas dos fotógrafos e da fotografia, contam também uma história da intimidade de seus donos e uma história social das grandes famílias brasileiras e paraibanas.

Com o passar do tempo, o retrato saiu da esfera privada, passando a esfera pública através das colunas sociais. Neste momento também é diagnosticado uma transformação dos costumes das elites e também do registro fotográfico, sempre através do retrato, com uma imensa modificação da tradição, onde o retrato passa a ser um objeto de aumento do poder, de mostrar posições e diagnosticar prestigio aos retratados e suas famílias, através da publicização do poder ilustrado pela presença do retrato a todo o Estado.
Reportagem: Allana Coutinho
Lívia
Paula